CARTA AO MUNDO DO SAMBA

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Quem ama não abandona.

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Em face de termos sido citados de forma torpe na CARTA ABERTA À COMUNIDADE, publicada a pedido da atual Diretoria do G. R. E. S. Alegria da Zona Sul, onde foi atacada de forma covarde e vil a dignidade da Família Almeida, vilipendiando, ainda, a memória do patriarca da família, Sérgio de Almeida (in memoriam), cabe-nos esclarecer a comunidade da Escola a respeito daquilo que nos foi imputado.

Sempre tivemos uma história ligada ao samba e ao carnaval. Sérgio de Almeida foi compositor multicampeão junto aos blocos Alegria de Copacabana e Unidos do Cantagalo, e presidente do G. R. B. C. Alegria de Copacabana, bicampeão de blocos de enredo. Gilberto Cabral (tio) foi presidente do G. R. E. S. Alegria da Zona Sul alcançando o primeiro título da Escola, em 1994. Marcus Almeida e, seu irmão Serginho, foram compositores tricampeões da Escola. A família Almeida também possui um ramo responsável pela administração de nossa coirmã, São Clemente, onde realizam um trabalho elogiável.

No ano de 1999, enquanto atuávamos ainda como compositores, o G. R. E. S. Alegria da Zona Sul foi rebaixado, com a última colocação do Grupo C. Neste mesmo ano, a Escola teve suas fantasias retidas em um ateliê na Zona Norte e, só não desfilou sem as mesmas, pelo empenho de um dos membros da família, que conseguiu a liberação e entregou-as à comunidade. O empenho em solucionar tal situação fez com que o então presidente da Escola, nos convidasse a colaborar junto à Diretoria daquela que já era nossa Escola de coração, visto a participação de nosso patriarca Sérgio de Almeida na fundação do G. R. E. S. Alegria da Zona Sul, em 1992.

Missão dada, missão cumprida. Foi assim que, em 2000 e 2001, já fazendo parte da Diretoria da Escola, conseguimos dois títulos consecutivos, fazendo história nos Grupos de Acesso da, então, Associação das Escolas de Samba.

Em 2003, já sob o comando do presidente Sérgio de Almeida, chegamos ao grupo A, em uma das ascensões mais rápidas da história do carnaval carioca, saindo do último grupo (Grupo D) para o Grupo de Acesso, em apenas 4 anos.

Nos anos que se seguiram sob a presidência de Sérgio de Almeida e Marcus Almeida, a Escola de samba só deixou de figurar no Grupo de Acesso (Grupo A), em 5 anos dos 19 que participou.

Durante esses anos, a agremiação foi reconhecida e elogiada pelo grande número de enredos de cunho cultural, enaltecendo a música, as artes, o carnaval, além das religiões de matriz africana. Entre eles podemos destacar, HEITOR DOS PRAZERES, ALBINO PINHEIRO, DORIVAL CAYMMI, BETH CARVALHO, TEATRO RIVAL, CORDÃO DO BOLA PRETA, UMBANDA, XANGÔ,OGUM, entre outros.

Coube, ainda, ao Alegria lançar para o mundo do samba personalidades como Patrick Carvalho (coreógrafo), Phelipe Lemos (mestre-sala), além de contar com a presença de um grande número de celebridades abrilhantando seus desfiles, tais como: Beth Carvalho, Arlindo Cruz, Chiquinho e Maria Helena, Ângela Leal, Elymar Santos, Patrícia França, Júnior, Adílio, Nanna Caymmi, Carlinhos de Jesus, entre muitos outros.

Nesse mesmo período a escola foi agraciada com inúmeras premiações, tais como: TROFÉU SAMBANET, TROFÉU JORGE LAFOND, PRÊMIO PLUMAS E PAETÊS, PRÊMIO SRZD, PRÊMIO SAMBARIO, TROFÉU RÁDIO MANCHETE, etc.

Isto posto, chegou ao nosso conhecimento uma carta da atual Diretoria direcionada à comunidade. Sentimos, então, que deveríamos trazer alguns fatos ao conhecimento público, como a real situação que culminou no desligamento da nossa família da agremiação.

Em primeiro lugar, não era vontade do atual presidente deixar a presidência, sendo que para tal ainda restavam 03 (três) anos de mandato. Não houve a Carta de Renúncia citada pela atual Diretoria. A saída do Presidente Marcus de fato que só veio a ocorrer através de coação sórdida por parte de um grupo ora pertencente à atual administração, tendo fartamente em sua posse elementos comprobatórios do aqui dito. Os mesmos através de subterfúgios inomináveis e intimidação ao presidente não deram chance, sequer, de que houvesse ao menos uma transição administrativa, visto que os mesmos estabeleceram que a escola fosse entregue aos mesmos no menor prazo possível. Nem sequer respeitaram os 77 anos de idade de nosso patriarca Sérgio de Almeida, obrigando-o a se deslocar durante a pandemia para reuniões em que exigiam a imediata transferência da administração.

Interessante lembrar que parte destes “diretores” tiveram, ao longo das administrações passadas, a oportunidade de colaborarem com a instituição. No entanto, os mesmos preferiram agir nas sombras, torcendo para o pior, comportamento próprio de pessoas de caráter discutível.

É importante que se diga que grande parte dos que hoje participam da administração, são pessoas de caráter ilibado, apaixonados pelo Alegria da Zona Sul e que, infelizmente, estão sendo iludidos por aqueles que tiveram a oportunidade de fazer, mas não fizeram, e que estão usando a Agremiação para alcançar seus objetivos pessoais/comerciais, algo que sabiam que não lhes seria permitido nas administrações passadas. Aqueles que são do bem sabem quem são estas pessoas. Se ainda não sabem, o tempo mostrará.

No tocante às dívidas é importante que se diga que as mesmas existem porque a escola sempre apresentou, apesar das dificuldades, um carnaval digno. Até mesmo o rebaixamento que sofreu ocorreu por um décimo perdido por atraso de desfile e não por questões técnicas/estéticas. É de conhecimento público as grandes dificuldades pelas quais passam todas as escolas dos Grupos de Acesso. Sem contar que o Alegria da Zona Sul passou por três grandes incêndios, perdendo grande parte de seu barracão e de seus carros alegóricos e material de decoração. O que não impediu de desfilarmos com garra, de forma digna e sem desculpas ou “mimimis”.

Outrossim, a atual Diretoria teve pleno conhecimento das dívidas quando forçaram a saída do presidente Marcus. Mesmo assim, diante de testemunhas, exigiram a transferência da escola, alegando inclusive saldar as dívidas através da captação de recursos, numa manobra até então inédita no mundo do carnaval. Os mesmos agora, ao verem as dificuldades de se colocar uma Escola de Samba na Avenida, falam em “enrolar a bandeira”, coisa impensável em administrações passadas. Saibam que se tal ocorrer, será por total incompetência e inabilidade da atual gestão que, ao se defrontarem com as primeiras dificuldades, apresentam um discurso vitimista, derrotados antes mesmo do início da batalha.

No tocante à quadra do Catumbi, causa estranheza uma Gestão que tanto fala da volta às origens buscar uma quadra longe da comunidade, demonstrando uma atitude hipócrita onde o discurso que fazem à comunidade passa longe dos reais interesses. Apresentam uma narrativa de resgate das origens do samba na comunidade mas não se dignaram a enviar o pavilhão ou um representante da Escola no sepultamento do ex-presidente Sérgio de Almeida, um dos maiores baluartes da escola, falecido em dezembro passado. Nem sequer uma nota de pesar foi escrita.

A filiação à Liga Independente Verdadeiras Raízes das Escolas de Samba (LIVRES), que hoje já soma 20 Escolas em seus quadros e tem o reconhecimento do poder público, veio ao encontro daquilo que entendemos ser um carnaval com avaliação e julgamento mais justos para as escolas de samba, em busca da honestidade, probidade e transparência. À época, também, era de conhecimento geral no mundo do carnaval que uma filiação na outra liga por parte do Alegria, acarretaria a mesma ser submetida às injustiças, no que condiz ao resultado dos carnavais. Bom, o tempo mostrou que estávamos certos, tendo em vista as recentes notícias ventiladas.

A fundação da Apoteose Carioca teve por intuito manter vivo o DNA do Império do Pavão e da Alegria de Copacabana, Blocos de Enredo fundados pelo nosso pai/avô, e de dar continuidade àquilo que nascemos para fazer: carnaval. Em nenhum momento foi criada com o objetivo de rivalizar com o G. R. E. S. Alegria da Zona Sul, Escola que permanecerá para sempre em nossos corações.

Durante todo esse tempo, buscamos fazer o nosso melhor, colocando carnavais dignos na Avenida e elevando o nome da escola e da nossa comunidade, onde fomos nascidos e criados, a outro patamar. Temos certeza que orgulhamos muitas pessoas ao ouvir ser cantado o nome da nossa comunidade antes dos desfiles, durante as transmissões na tevê. Os ensaios de praia realizados na orla de Copacabana, que se iniciaram durante a gestão de nossa família e sempre com intuito de manter próxima à comunidade, são hoje considerados por muitos dos moradores como um patrimônio imaterial do bairro, e ajudaram a levar a imagem da Alegria da Zona Sul a todos os cantos do mundo, especialmente por encantar turistas que visitavam o Rio de Janeiro.

Jamais nos curvaremos àquilo que não é digno e não compactuamos com a sordidez daqueles que só buscam a Escola em busca de satisfazer vaidades e objetivos de cunho pessoal/material. A honestidade foi a maior herança deixada pelo Presidente Sérgio de Almeida e estará em nossa família acima de quaisquer outros interesses, e este mesmo legado será deixado para nossos filhos e netos.

Nós, da Família Almeida, nos sentimos enormemente tristes com o rumo que estão dando à Escola que tanto amamos e pela qual trabalhamos por toda nossa vida. No entanto, por amor ao Alegria da Zona Sul, estaremos sempre prontos a colaborar, tendo em mente, e coração, sempre o melhor para nosso pavilhão.

Assinado,

FAMÍLIA ALMEIDA


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