Sob a benção de Martinho, Vila Isabel brinca na chuva e arrebata público em retorno à Sapucaí

Spread the love

Foi do jeito que o “povo do samba” gosta. Desafiador, após sucessivos adiamentos por causa da pandemia, mas arrebatador, como sempre é o caso quando se trata da Unidos de Vila Isabel. O público da Marquês de Sapucaí concorda: saiu arrebatado do local na noite do último domingo, após o ensaio técnico da escola de samba numa noite abençoada por Martinho da Vila, homenageado deste ano e presente no treino, e pelo céu do Rio de Janeiro, com uma chuva de verão que lavou a alma dos componentes e apaixonados, todos ávidos pelo retorno ao “solo sagrado” do samba.

Thank you for reading this post, don't forget to subscribe!

Segunda a se apresentar no Sambódromo, sucedendo a Paraíso do Tuiuti e antecedendo a Mangueira, a Vila deu a largada para o seu ensaio por volta de 21h40m. O esquenta diante do Setor 1, uma tradição das agremiações cariocas, foi realizado com maestria pelo intérprete Tinga, que ganhou a luxuosa companhia de Martinho — o enredo é “Canta, canta, minha gente. A Vila é de Martinho!”, do carnavalesco Edson Pereira.

O cantor e compositor, também presidente de honra da Vila, passou a maior parte do ensaio em cima do carro de som da escola, cumprimentando com felicidade os componentes e o público nas arquibancadas, frisas e camarotes. Desceu da estrutura para saudar, de pertinho, a bateria ‘Swingueira de Noel’, do mestre Macaco Branco, e a rainha de bateria, Sabrina Sato.

— É muita emoção ser homenageado na Sapucaí, sobretudo pela minha Vila. É a maior escola de samba do mundo — disse Martinho, que em fevereiro esteve no barracão da agremiação, na Cidade do Samba, Zona Portuária do Rio, conhecendo os detalhes da homenagem.

Antes do início dos trabalhos, Martinho deu canja ao público da Avenida e cantou, diante de ouvidos atentos, trechos de ‘Madalena do Jucu’, um dos maiores sucessos de sua carreira.

O artista esteve acompanhado, em diferentes trechos do ensaio, por membros da própria família, figurinhas carimbadas da Vila. A cantora Mart’nália, uma das filhas do poeta, desfilou à frente da bateria com Sabrina. A porta-bandeira Dandara Ventapane esteve no carro de som ao lado do avô. E Analimar Ventapane, componente da escola, desfilou na ala de baianas em homenagem ao pai.

O retorno da realeza

Na ilustre noite para a Vila, Sabrina Sato viveu um grande momento sobre si mesma. Vestida com um look azul da cabeça aos pés, assinado pelo estilista britânico Jivomir Domoustchiev, a apresentadora celebrou o retorno à frente da ‘Swingueira’ (ela passou um ano fora do posto, em 2020) e, ao mesmo tempo, seus novos voos profissionais.

Enquanto estava na Sapucaí, ela foi anunciada pelo “Fantástico”, da TV Globo, como uma das novas integrantes do tradicional programa “Saia Justa”, do canal GNT. A japa estava há oito anos da RecordTV, de onde saiu na semana passada.

— O ensaio fez o coração bater mais forte! Viemos celebrar a vida e matar a saudade da Sapucaí — declarou Sabrina, que se esbaldou no samba ao lado dos ritmistas, mesmo debaixo de chuva.

Assim como Sabrina, também brilharam no ensaio as musas Gabi Martins (cantora e ex-participante do ‘Big Brother Brasil’, da TV Globo; estreante no posto); Paula Bergamin e Dandara Oliveira. As gatas apostaram em modelitos produzidos exclusivamente para o ensaio e posaram ao lado de Sabrina em diferentes momentos do evento, em clima de união.

Primeiro impacto

Além  do rufar da ‘Swingueira’ e da palhinha de Martinho, a Vila abriu seu ensaio com outros elementos impactantes. A comissão de frente, comandada pelo coreógrafo Márcio Moura, exibiu uma faixa com dizeres em referência às vítimas da pandemia no Brasil e ao refrão da escola para este carnaval (“Por nós e pelos 656 mil que nos deixaram: a vida vai melhorar”). Moura é estreante na Vila, onde já vinha atuando como diretor artístico, e tem passagens bem-sucedidas por Portela, Viradouro, União da Ilha, Estácio de Sá e Tuiuti.

Após a abertura do cortejo, o casal de mestre-sala e porta-bandeira Marcinho Siqueira e Cristiane Caldas também fez sua estreia pela Vila. Antes da azul e branca do bairro de Noel Rosa, a dupla já dançava pela Acadêmicos do Sossego e também já conduziu os pavilhões de Mocidade Independente de Padre Miguel e União da Ilha. Agora, ensaia desde novembro passado, sem trégua, para conquistar as notas máximas no Carnaval em abril. Eles estão sendo preparados pela coreógrafa Ana Formighieri, quadro mantido pela Vila há cinco anos.

Diante da Sapucaí, ambos os quesitos responsáveis pela abertura do desfile apresentaram apenas parte daquilo que guardam para o desfile oficial, no dia 23 de abril, sábado. A Vila será a sexta e última escola a se apresentar, encerrando os trabalhos do Grupo Especial antes da apuração das notas, marcada para terça-feira, 26. Na Apoteose, a escola pretende se sagrar campeã pela quarta vez, a primeira desde 2013, ano de sua última conquista no Carnaval do Rio.

Fotos: Diego Mendes e Fausto Ferreira

Spread the love